terça-feira, 3 de março de 2009

Declarar antecipado tem vantagem

Após aberto o período de Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2009/ ano base 2008, os principais bancos do varejo se lançaram ao mercado oferecendo linhas de crédito de antecipação da restituição. O consumidor que pretende aderir à facilidade deve fazê-lo apenas em último caso, com a perspectiva de trocar de dívida – contrair um novo empréstimo a juros menores para quitar outro anterior, de maior custo, como o cartão de crédito ou cheque especial.

A operação pode ser feita, por exemplo, para se livrar de dívidas com o cartão de crédito, que tradicionalmente ocupam alguns dos primeiros lugares no ranking de juros altos. No momento, o cartão chega a bater 10% ao mês, contra 3,3% cobrada na taxa de antecipação da restituição fornecida pelo Banco Santander, a mais alta verificada entre as quatro maiores instituições financeiras do País, em número de clientes, de acordo com dados de janeiro do Banco Central (BC).

Apesar da perspectiva de juros menores, em relação às alternativas fornecidas pelo mercado, o economista e professor de matemática financeira Hildebrando de Carvalho observa que as operações de antecipação de restituição ainda são regidas por taxas de juros salgadas, considerando o prazo e o risco ao qual o contribuinte se expõe. Ele diz que a cobrança ideal seria em torno de 1% ao mês.

O principal risco envolvido na operação é que o tomador do empréstimo tenha pendências com a Receita, algo que atrase o pagamento da restituição. “Há casos em que pode se levar até um ano para que o contribuinte tenha acesso à sua restituição”, observa Carvalho.

Taxa de juros – Numa simulação feita pelo especialista, considerando uma taxa fictícia de 2,5% ao mês, um empréstimo de R$ 2 mil, após seis meses, teria resultado como uma dívida de R$ 2.319. Carvalho, porém, pondera que o brasileiro tem o hábito de esquecer a taxa de juros, em situações como esta e acaba deixando em segundo plano a estratégia de “trocar de dívida”, e acaba perdendo dinheiro.

De acordo com levantamento feito por A TARDE com as quatro maiores instituições financeiras do País, a liberação do crédito de antecipação da restituição depende de critérios como o tempo de conta, ou mesmo se fez a operação no ano passado.

O gerente de mercado para pessoa física do Banco do Brasil (BB) na Bahia, Adalberto Serafini, observa que, para o cliente BB, as taxas de juros variam em função da capacidade financeira do tomador do empréstimo. Para quem pretende alavancar até R$ 5 mil, a taxa mensal é de 2,65%.

Já para quem pretende contratar valor superior, com teto de R$ 20 mil, a taxa é de 2,25%, e ainda há a necessidade de fiador. O pagamento do empréstimo é feito em cota única, quando do recebimento da restituição, ou em 26 de fevereiro do ano que vem, o que ocorrer primeiro.

A instituição financeira que concedeu juros mais baixos na modalidade, de acordo com pesquisa da reportagem foi a Caixa Econômica Federal (CEF). O critério para ter acesso às menores taxas, fornecidas pelo banco oficial, é ter feito a operação no ano anterior. Quem assim procedeu, pode alavancar de R$ 300 a R$ 10 mil pagando 2,19% ao mês, em juros.

Para os novos clientes, que optam pelo serviço pela primeira vez, a taxa é de 2,59%. Outros grandes bancos do mercado financeiro doméstico, como o Itaú e HSBC, ainda não definiram diretrizes para fornecer a opção de crédito.

Restituições – A Receita Federal vai liberar seis lotes de restituições do IR, sendo que o primeiro está previsto para o próximo mês de junho.

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