quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Esmaltes substância cancerígena

Esmaltes podem provocar alergia e têm substância cancerígena. Azul, alaranjado, rosa, verde. Também podem ser fluorecentes, foscos, com brilho, glitter e cintilante. As prateleiras de lojas de cosméticos têm cada vez mais opção de marca e cores de esmaltes, o que reflete na venda dos produtos no mercado do país. De acordo com dados de 2010 da Nielsen, o Brasil é o segundo maior consumidor de esmaltes no mundo. O varejo vendeu cerca de 600 milhões de vidrinhos e faturou R$ 800 milhões no ano passado. O que poucas pessoas sabem é que os esmaltes são uma causa frequente de dermatite alérgica. Flávia Borges, 30 anos, demorou para descobrir que a irritação ao redor dos olhos era causada por uma alergia a esmaltes. "Pensei que fosse alguma reação da maquiagem ou do sabonete para o rosto e suspendi todos os produtos por um tempo, mas não melhorou", conta a jornalista. Em seguida, ela procurou especialistas e, após vários testes, descobriu de onde vinha o componente químico responsável pela inchaço das pálpebras: do vidrinho de esmalte. Segundo Adriana Isaac, médica dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira em Dermatologia (SBD), até mesmo uma pessoa que está habituada a usar esmaltes pode passar a ter uma alergia. "Não depende apenas de uma irritação no primeiro contato, e sim de uma sensibilização a determinadas substâncias que pode ocorrer ao longo da vida", explica.Em uma pesquisa realizada este ano, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE) analisou 12 tons de esmaltes na cor branca das três marcas mais vendidas no país: Colorama, Risqué e Impala. Em alguns dos produtos foram encontradas substâncias químicas que podem provocar não apenas alergias, mas também câncer. Entre os componentes prejudiciais à saúde está o toluene, encontrado em grande quantidade na maioria dos produtos. Também foi analisado o foramdibutyl phtalate, que foi banido dos esmaltes em toda a Europa. Já o nitrotuluene, toluene e furfural são compostos comprovadamente cancerígenos. A análise feita pela PROTESTE mostra que os produtos da Impala, inclusive os da linha hipoalergênica, contêm dibutylphatalate e toluene em concentrações muito altas, e os esmaltes da Risqué apresentam nitrotoluene e toluene em grandes quantidades. Ainda segundo a pesquisa, todos os produtos da Colorama são antialérgicos. Já os produtos da Impala, inclusive os hipoalergênicos, têm substâncias que causam alergia. De acordo com a dermatologista Adriana Isaac, o potencial cancerígeno de uma substância depende da quantidade usada do produto e do tempo de exposição. "No caso dos esmaltes, a exposição é pequena, mas o risco não pode ser descartado", diz. A alergia a esmaltes manifesta-se por meio de vermelhidão, descamação e inchaço na região das pálpebras, podendo afetar também o pescoço, orelhas e outras áreas da face. Ainda segundo Adriana, nos casos mais graves, pode até formar bolhas. “Um sintoma que geralmente está presente é a coceira, que é bem significativa e incomoda bastante”, completa.
O diagnóstico de alergia a esmaltes é confirmado por um exame chamado Teste de Contato. O médico aplica adesivos, geralmente nas costas, contendo alguns dos componentes químicos presentes nos esmaltes. As reações vão se desenvolver na área exposta ao alérgeno. “São usadas concentrações mínimas dessas substâncias, suficientes apenas para provocar pequena irritação no local e confirmar a alergia”, diz a dermatologista. Esmaltes seguem legislação brasileira. A Hypermarcas, fabricante de esmaltes Risqué, afirma que as substâncias usadas nos produtos são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e cumprem determinações das legislações vigentes brasileiras. “Nossos esmaltes são submetidos a rigorosos testes que comprovam sua segurança e qualidade”, afirma. O CorreioWeb também tentou entrar em contato com a marca Impala, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

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