quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Brasil no ranking da Corrupção

Brasil é o 73º em ranking de percepção da corrupção


O Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2011 mostra resultado já esperado diante das diversas manifestações anticorrupção que aconteceram durante o ano. O Brasil ficou na 73º posição entre 183 países. Após dois anos de ascensão contínua, o Brasil caiu no ranking da Transparência Internacional que mede a percepção de corrupção. No ano passado, o país ocupou a 69ª posição. A entrada de novos países no ranking, como Santa Lúcia, Bahamas e São Vicente e Granadinas, que ficaram na frente do Brasil, alterou a listagem. No entanto, a mudança de posição no ranking não representa aumento da percepção de corrupção no país. A nota atribuída ao Brasil ficou praticamente estável: era de 3,7 pontos em 2010 e está agora em 3,8 pontos. Em 2009, a nota foi igual a do ano passado. O aumento da nota apresentada este ano, representa pequena melhora na média dos últimos 16 anos, que era de 3,65 pontos, passando, agora, para 3,66. Porém, os dados evidenciam que há anos mantemos posição semelhante e sem melhorias efetivas na matéria “corrupção”. Segundo Alejandro Salas, da Transparência Internacional, o Brasil adota medidas contra a corrupção, mas continua com práticas centenárias, como o nepotismo e a compra de votos (veja tabela). O levantamento realizado pela ONG Transparência Internacional (TI) classifica os países com pontuações entre 0 (muito corrupto) e 10 (sem corrupção). A TI destaca que a comparação do desempenho entre as diversas edições dos índices não é aconselhável, pois ele é feito a partir de outras 17 pesquisas, cada uma com metodologia própria. É possível analisar o levantamento de 2010 nesse link (clique aqui). Em 2011, dois terços dos países analisados ficaram abaixo de 5,0. Em último lugar, com 1,0 ponto, estão a Somália e a Coréia do Norte, que pela primeira vez está no índice. Já na ponta superior está a Nova Zelândia (9,5), a Dinamarca e a Finlândia (9,4). Nas Américas, o campeão é o Canadá (8,7) e o país lanterna é o Haiti (1,8). O Brasil está em 13º no ranking regional, atrás de países como Cuba (4,2) e a pequena ilha caribenha da Dominica (5,2). É importante ressaltar que como a corrupção é ato ilegal, é difícil medi-lo de forma precisa e por isso o IPC foca em como ela é percebida pela população de cada país. Para a ONG responsável pelo índice, as diversas manifestações que ocorrem pelo mundo pedindo abertura política ou justiça social são sinais de que os líderes nacionais e as instituições não são transparentes e responsáveis o suficiente. “Esse ano, vimos tanto ricos como pobres reclamarem contra a corrupção”, afirma Huguette Labelle, diretora da TI. Ela destacou ainda que diante das manifestações da primavera árabe e da crise da dívida na Europa, os líderes devem encontrar formas de atender ao anseio da população e governar melhor. Este ano, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a corrupção. Diante do fato, o Contas Abertas conversou com o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer. Para ele, as manifestações sociais contra a corrupção mostram que a população está mais atenta para o assunto. Porém, o Brasil ainda possui um grande problema nesse sentido. “O nosso judiciário é disfuncional. Os atos de corrupção aparecem, mas ninguém é indiciado ou condenado”, afirma. Na visão do professor, o Brasil precisa modificar a legislação, principalmente do código penal. Apesar disso, Fleischer ressalta a postura da presidente Dilma Rousseff para com os escândalos de corrupção na Esplanada dos Ministérios. “Enquanto Lula e Fernando Henrique não olhavam para estes assuntos, Dilma não os tem tolerado. A presidente está tentando aprimorar a austeridade no seu governo, o que não combina com vazamentos e denúncias de irregularidades. A estratégia de Dilma diante dessas situações é muito interessante”, conclui.

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