quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Manguezais em Sergipe

ONGs mobilizam a sociedade em prol dos manguezais em Sergipe
Ações fazem parte do movimento nacional mangue faz a diferenca, que alerta sobre os riscos que as alterações do Código Florestal trazem para estes importantes ecossistemas em toda zona costeira do Brasil. Nos dias 4 e 5 de fevereiro, Sergipe vai aderir à campanha nacional “Mangue Faz a Diferença”, cujo objetivo é mobilizar moradores e turistas sobre a importância dos manguezais e alertar sobre os riscos que as mudanças no Código Florestal trazem para futuro desses ecossistemas. A campanha tem coordenação nacional da Fundação SOS Mata Atlântica e local do Instituto Mamíferos Aquáticos.No dia 4 de fevereiro, as ações da campanha acontecerão durante o evento Verão Sergipe, no município de Itaporanga D’Ajuda. Durante a manhã, a equipe do Instituto Mamíferos Aquáticos, e parceiros, realizarão um arrastão de limpeza na Praia da Caueira. Serão realizadas também apresentações de capoeira, além da presença da exposições itinerantes “Mamíferos Aquáticos de Sergipe” e “Biodiversidade de Tartarugas Marinhas” e da exposição fotográfica sobre a biodiversidade da APA Litoral Sul. Ainda no dia 4, no final da tarde, a Fundação Pró-Tamar realizará a soltura de filhotes de tartarugas marinhas. Durante o domingo (5), o grupo mobilizará a sociedade com um Passeio Ciclístico. O passeio é aberto ao público e será iniciado, às 8h, no Mirante do Calçadão da 13 de Julho, em seguida, seguirá pela Coroa do Meio, até a Passarela do Caranguejo na Orla de Atalaia e retornará ao Mirante do Calçadão da 13 de Julho, passando pela Av. Beira Mar. Ainda no domingo, acontecerá uma blitz nos semáforos de Aracaju. Voluntários e funcionários do Instituto Mamíferos Aquáticos abordarão motoristas e pedestres, entregando brindes (canetas, fitinhas e adesivos) e passando informações sobre a importância da campanha Mangue Faz a Diferença. Além de Sergipe, a campanha ocorrerá em diversas regiões do país, com manifestações programadas em doze estados (CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR e RS), além de ações em Brasília/DF (confira a programação completa ao fim do texto). Como parte da campanha também está sendo lançado o Manifesto A Favor da Conservação dos Manguezais Brasileiros. Segundo o texto do documento, além dos sérios problemas que já vêm sendo denunciados por cientistas, ambientalistas, especialistas em legislação e organizações da sociedade civil – a exemplo da anistia e da redução da proteção em áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente –, representando um grave retrocesso na proteção das florestas, o projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados e o substitutivo do Senado, atingem também diretamente os ecossistemas costeiros e estuarinos, notadamente os manguezais brasileiros, em toda zona costeira do país. Em seguida, o documento lista os principais problemas trazidos para esses ecossistemas e pede providências às autoridades. O manifesto pode ser acessado na íntegra em http://bit.ly/manguefaz. A ação tem o apoio do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, uma coalizão formada por 163 organizações da sociedade civil brasileira, responsável pelo movimento “Floresta Faz a Diferença”. Informações, fotos e vídeos sobre todas as atividades, bem como os materiais de comunicação e o manifesto estarão disponíveis no hotsite www.manguefazadiferenca.org.br, a partir de fevereiro. Internautas também poderão acompanhar a mobilização pela fan page da campanha no Facebook, facebook.com/manguefazadiferenca, e manifestar seu apoio via Twitter com a hashtag #manguefazadiferenca.
Manguezais X novo Código Florestal - Fabio Motta, coordenador do Programa Costa Atlântica, da SOS Mata Atlântica, explica que os manguezais servem como berçários para muitas espécies de peixes e crustáceos com importância ecológica, econômica e social. “Hoje, existem mais de 500 mil pescadores no Brasil. Se somados aos empregos indiretos, o número de pescadores ultrapassa 1 milhão, portanto, os mangues são uma fonte de renda para um número significativo de brasileiros. A defesa desses manguezais deve mobilizar toda a sociedade, não apenas os pescadores, pois além da sua importância econômica, eles são áreas fundamentais para a manutenção da vida marinha”. O texto do Código Florestal, aprovado no Senado, coloca em risco esses importantes ambientes, ao propor a consolidação de ocupações irregulares em manguezais ocorridas até 2008, consolidar ocupações urbanas nessas áreas e permitir novas ocupações, sendo 35% em manguezais do bioma Mata Atlântica e 10% na Amazônia. “Como argumento, o projeto de lei defende a carcinicultura (criação de camarões), atividade que já é responsável por enormes passivos socioambientais no Nordeste do país”, explica Motta. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, destaca que os manguezais são áreas de uso comum da população e essenciais para a qualidade de vida das gerações atuais e futuras. “O projeto de lei que altera o Código Florestal não tem coerência com o processo histórico do país, marcado por avanços na busca pelo desenvolvimento sustentável. Se aprovado, beneficiará um único setor econômico em detrimento do nosso capital natural e de nossas populações. A sociedade, representada em manifestações de empresários, representantes da agricultura familiar, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da juventude, dos sindicatos, de juristas e de tantos outros segmentos, já se posicionou contra o projeto de lei aprovado pelo Congresso e não pode ser desconsiderada”. Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma recebeu 1 milhão e meio de assinaturas de brasileiros contrários à aprovação do novo texto do Código Florestal. O projeto de alterações no Código Florestal tem nova votação prevista para o início de março.

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