quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Secretaria faz Pesquisa sobre Classe Média em Sergipe

O Governo de Sergipe, por meio do Observatório de Sergipe, lançou na manha desta quarta-feira, 8, estudo intitulado “Do anonimato ao protagonismo: a nova classe média sergipana agora tem voz ativa”. De acordo com a pesquisa, o acelerado crescimento econômico e políticas sociais mais inclusivas lançaram, durante a última década, quase meio milhão de sergipanos na classe média, a qual pela primeira vez supera a quantidade de pessoas pertencentes à classe baixa. Segundo o estudo, Sergipe deixou de ser um estado cuja população era predominantemente pobre para tornar-se um estado de classe média. A pesquisa, que teve como horizonte temporal o período de 2002 a 2012, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), revela que a classe média sergipana tem sido a grande protagonista no processo de desenvolvimento local, despontando como o mais importante extrato social do estado no período. O estudo teve como referência o trabalho coordenado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, denominado “Vozes da classe média”, que adotou um novo método, com metas e métricas atualizadas para se mensurar a nova classe média. Segundo a SAE, o principal critério observado foi o da vulnerabilidade, ou seja, a probabilidade que a população tem de sofrer decréscimo na renda, e assim ser rebaixada de classe. Para chegar a esses números, a SAE levou em consideração o padrão de despesa das famílias brasileiras e os gastos com bens essenciais e supérfluos. Classes -Com base nesses critérios, foram considerados pertencentes à classe baixa todos os cidadãos com alta probabilidade de permanecer ou passar a ser pobres em um futuro próximo, sendo verificado empiricamente que estes são os que vivem em domicílios com renda per capita inferior a R$ 291 por mês. A classe média foi identificada como o grupo composto por famílias com renda per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00. Por fim, foram considerados pertencentes à classe alta todos aqueles com probabilidade irrisória de passarem a ser pobres em um futuro próximo, que seriam os que compõem famílias com nível de renda per capita acima de R$1.019 por mês. Todas essas cifras monetárias estão expressas em reais, constantes de 2012, deflacionado pelo IGP-DI. O estudo demonstra ainda que a última década foi de grande mobilidade social em Sergipe, acompanhando as transformações socioeconômicas que ocorreram no país nos últimos anos. Entre 2002 e 2012, o percentual de famílias consideradas como integrantes da classe média sergipana saltou de 29% para 48% da sua população, ultrapassando a marca de um milhão de pessoas. Dessa forma, verifica-se que, nesse período, em Sergipe, mais de 480 mil pessoas passaram a compor a nova classe média, registrando um crescimento de 87%, acima da taxa nacional que foi de 54%. Informação relevante trazida pela pesquisa é que o crescimento da classe média se deu pela ascensão das pessoas mais pobres, e não pelo esvaziamento da classe alta. Em 2002, a classe baixa possuía 64% das pessoas. Em 2012, deixou de ser maioria, caindo para 40% da população. Já a classe alta saltou de 7%, em 2002, para 12%, em 2012. Inclusão - Segundo o superintendente de Estudos e Pesquisas (Supes) da Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) e coordenador do Observatório de Sergipe, Marcel Resende, “a transição demográfica e as políticas de transferência de renda, como o Programa Bolsa-Família, foram importantes no processo de inclusão dos mais pobres, mas a renda do trabalho é o principal alicerce para sustentabilidade da nova classe média”, ressalta. Para o superintendente, vários são os indicadores extraídos da PNAD que apontam o protagonismo da renda do trabalho na ascensão tanto da classe média brasileira como da sergipana na última década. “Foram criados mais de 167 mil novos empregos com carteira assinada de 2001 a 2011. A taxa de pessoas economicamente ativas alcançou, em 2012, 67,7%, a mais elevada dos últimos 10 anos. Com uma taxa de 47%, Sergipe é o 2º estado com o maior índice de formalização da região nordeste. O rendimento médio mensal real do trabalhador atingiu R$ 1.163,00, em 2012, o maior do Nordeste. A taxa de desemprego foi de 7,7% em 2012, o menor nível em 10 anos”, detalha Marcel Resende. De acordo com o diretor de Pesquisas da Supes, Marcelo Geovane, “essa pesquisa aponta o rápido processo de transição pela qual a sociedade sergipana vem passando nos últimos anos, revelando a importância que a classe média possui na condução, de maneira cada vez mais protagonista, no processo de desenvolvimento local. O surgimento da nova classe média faz emergir um poderoso contingente populacional ativo, responsável por boa parte da geração de riqueza no estado e cria um ambiente favorável para o crescimento econômico”, aponta. O relatório completo sobre o mapeamento da nova classe média, além de apontar o contingente populacional enquadrado nesse extrato, buscou traçar o perfil e levantar as principais características dessa classe em Sergipe. Utilizando técnicas estatísticas como cruzamento de variáveis, foi possível conhecer de maneira mais aprofundada esse grupo de famílias com base na análise do contexto da força de trabalho, a renda dessa nova classe e suas características socioeconômicas. Uma das consequências mais visíveis desse crescimento acelerado é o caráter heterogêneo da nova classe média. Como os novos integrantes são oriundos da classe baixa, essas pessoas trazem as características da classe antiga para a nova. Por isso o elevado contingente de pessoas com baixo nível educacional na classe média sergipana. Apenas 58% dos chefes de família possuem o nível fundamental completo ou não têm nenhuma escolaridade. Em relação à raça e/ou à cor das pessoas enquadradas na classe média, 77% se autodeclararam de cor preta ou parda. A grande maioria, 79%, vive na zona urbana. Das pessoas em idade ativa dentro da classe média, notou-se um alto índice de ocupação com 94%, sendo 49% em empregos formais. Das atividades que mais se destacaram na ocupação das pessoas da classe média, encontra-se: comércio e reparação (23,8%), agrícola (14,5%) e educação, saúde e serviços sociais (9,0%).